O esquema de compras de políticos da Odebrecht traz uma peculiaridade insólita: os codinomes dos envolvidos. Caso não soubessem das alcunhas que a empresa reservou a eles, agora devem estar loucos de raiva pelo bulling que os executivos praticavam na, então, planilha contábil do crime.
Os vendidos foram batizados por apelidos que apontam ora à característica física (ou traço de personalidade), ora ao papel que o envolvido tinha no esquema de corrupção.
A lista da Odebrecht tinha objetivo de esconder a identidade do sujeito, mas, ao mesmo tempo, deixar uma pista que permitisse ligar o apelido à pessoa. Assim, é possível estabelecer uma relação entre as funções simbólicas que deram origem à alcunha, vejamos as mais óbvias:
MT – Michel Temer – IDENTIFICADO PELAS INICIAIS – ÓBVIO, DEMAIS. A PRIMEIRA VISTA, O INVESTIGADOR PENSARIA TRATAR-SE DE MATO GROSSO.
Caju – Romero Jucá (PMDB-RR). Ex-ministro da Casa Civil de Michel Temer. PROVAVELMENTE, TROCADILHO COM SOBRENOME
Justiça – Renan Calheiros (PMDB-AL). Presidente do Senado Federal. OU POR TER ENTRANDO NA QUADRILHA, QUANDO MINISTRO DA JUSTIÇA OU POR TER ACESSO A DECISÕES JUDICIAIS.
Índio – Senador Eunício de Oliveira (PMDB-CE): APARÊNCIA; TRAÇO FÍSICO
Babel – Geddel Vieira Lima (PMDB-BA): TROCADILHO COM O NOME , ADVINDO DO MODO DE SE EXPRESSAR; FALA RÁPIDA E CONFUSA.
Angorá – Moreira Franco (PMDB -RJ) – APARÊNCIA; PROVÁVEL REFERÊNCIA AOS ALVOS CABELOS.
Bitelo – Deputado Lúcio Viera Lima (PMDB-BA). Irmão de Geddel. (?)
Primo – Eliseu Padilha (PMDB-RS). Ministro da Casa Civil. PROVAVELMENTE POR TER SIDO APRESENTADO POR GEDDEL, COMO PRIMO DISTANTE.
Caranguejo – Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Deputado cassado (APARENTEMENTE PELO MODO DE ANDAR MEIO DE LADO…)
Polo – Jacques Wagner (PT-BA). Ex-ministro de Dilma Rousseff e ex-governador da Bahia. PROVAVELMENTE POR CAUSA DO POLO PETROQUÍMICO DA BAHIA.
Ferrari – Delcídio do Amaral (ex-PT-MS). Senador cassado. PODE SER PELO BOM DESEMPENHO NO ESQUEMA OU POR GOSTAR DE DESFILAR COM CARROS E MOTOS DE LUXO
Botafogo – Rodrigo Maia (DEM-RJ). Presidente da Câmara dos Deputados. PELO TIME
Las Vegas – Anderson Dornelles. Assessor de Dilma Rousseff. (?)
Campari – Ex-senador Gim Argello (PTB-DF). TROCADILHO COM O NOME
Cerrado, Pequi ou Helicóptero – Senador Ciro Nogueira (PP-PI). (?) POR SER DO CERRADO
Pino ou Gripado – Senador José Agripino Maia (DEM-RN). CORRUPTELA DO NOME
Todo Feio – Ex-deputado Inaldo Leitão. APARÊNCIA. TRAÇO FÍSICO
Corredor – Duarte Nogueira (PSDB-SP). Prefeito eleito de Ribeirão Preto. SERIA POR CAUSA DOS CORREDORES ESTRUTURAIS DE RIBERÃO PRETO?
Gremista – Deputado Marco Maia (PT-RS). PELO TIME
Tuca – Deputado Arthur Maia (PPS-BA). (?)
Misericórdia – Deputado Antônio Brito (PSD-BA). (?)
Decrépito – Deputado Paes Landim (PTB-PI). PELO TRAÇO FÍSICO
Boca Mole – Deputado Heráclito Fortes (PSB-PI). PELO TRAÇO FÍSICO
Kimono – Arthur Virgílio (PSDB-AM). Prefeito reeleito de Manaus. PRATICANTE DE JUDÔ
Missa – Deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA). ALUSÃO AO SOBRENOME.
Jovem – Adolfo Viana (PMDB-BA), deputado estadual – CARACTERÍSTICA FÍSICA
Goleiro – Paulo Magalhães Júnior(PSC-BA) – (?)
Kafta – Gilberto Kassab (PSD-SP) – ORIGEM DO SOBRENOME
SIGNIFICADOS E SEU SÍMBOLOS—
Muitos psicólogos atribuem significados importantes da personalidade da pessoa em decorrência do nome. Neste caso, cabe apelar aos especialistas em busca da origem destas alcunhas.
Tânia Zittoun, doutorada em Ciências Humanas, professora do Instituto de Psicologia e Educação da Universidade de Neuchâtel e editora associada da revista Culture & Psychology, aponta quatro funções simbólicas relacionadas à escolha do nome:
1) Sinal de pertencimento a um grupo ou identidade;
2) Espaços imaginários, fantasias associadas a um nome;
3) Projetos ou representações futuras das crianças;
4) Um prolongamento afetivo e corporal, objetos simbólicos com som, forma, ritmo.
Cada cultura tem seu próprio critério para a escolha dos nomes próprios. Na ocidental, dois caminhos podem ser percorridos para a escolha de um nome: o determinista, que afirma que os nomes próprios são “impressos na subjetividade” e, que, portanto, há um valor simbólico de que o sujeito irá trilhar um “destino”escolhido pela família. Outro percurso é tipo aberto: um nome novo, desprovido de carga simbólica, permite que a pessoa se aproprie e atribua sua própria marca ao nome. .
Em algumas tribos indígenas, por exemplo, o nome vai mudando de acordo com a manifestação de novas características do índio. Tal fenômeno – num contexto negativo – não é distante da criação de alcunhas que é feita nas escolas e trabalho, num processo de bulling.
FIQUEM À VONTADE PARA COMPLETAR O ENTENDIMENTO DA LISTA ACIMA.